domingo, 31 de julho de 2016

Retirada de ferro de águas subterrâneas por aeração e oxidação.

A presença de ferro e manganês em águas de corpos subterrâneos é muito comum no Brasil, inclusive no Estado de São Paulo. Esses íons, que geralmente aparecem associados, causam depósitos e incrustações, possibilitando o aparecimento de bactérias ferruginosas nocivas nas redes de distribuição, além de serem responsáveis pelo aparecimento de gosto e odor na água e de mancharem roupas e aparelhos sanitários devido à coloração amarronzada ou púrpura de seus sais ferrosos e manganosos.

 Apesar da frequência com que esse problema ocorre, a abordagem técnica continua sendo a mesma, privilegiando os processos oxidativos para tratamento e remoção do metal. Isso ocorre em duas principais etapas, onde se inicia com a adição de algum oxidante como o oxigênio, cloro ou permanganato de potássio para precipitação dos íons dissolvidos. A escolha do agente oxidante depende da qualidade da água, como por exemplo; se houver matéria orgânica proveniente dos mananciais, será necessário um oxidante mais forte para formação dos sais precipitados. Porém, a oxidação das formas dissolvidas desses íons costuma ser muito simples e rápida, bastando na maioria das vezes apenas uma boa aeração com pH adequado para conseguir a formação do precipitado. Veja mais neste link. Na segunda etapa, procede-se a remoção dos precipitados formados através da sedimentação, flotação ou filtração. Também podem ser aplicados procedimentos mais dispendiosos para esse fim, como a troca iônica, microfiltração ou manofiltração, dependendo da necessidade.


Para ilustrar, gostaria de citar a Associação Remar do Brasil, entidade em que presto serviços de responsabilidade técnica. A mesma é abastecida por um poço semiartesiano que capta água do Aquífero Cristalino, em Jacareí. Essa água apresenta concentração de ferro muito acima do valor máximo permitido pela legislação federal, provocando aumento da cor aparente e da turbidez. Por isso mesmo, e também interessados em promover as melhorias necessárias, os gestores decidiram fazer um up grade em sua estação de captação e tratamento de água, que foi totalmente reformulada.
Para tratar a água foi implantado um sistema de desfeirrização do tipo tabuleiro constituído por três bandejas de aeração, um sistema de cloração que complementa o processo oxidativo, um tanque de sedimentação e filtragem em areia pressurizada para retenção dos compostos metálicos oxidados. O processo se encerra com um filtro de entrada para retenção de eventuais partículas. Simples assim, mas suficiente para garantir o padrão de potabilidade da água utilizada na associação.

Com duas semanas de funcionamento, ainda não obtivemos os resultados das analises químicas, porém foi constatado que a água não apresenta mais gosto nem odor de ferrugem, assim como não está mais marcando os aparelhos sanitários e nem amarelando as roupas lavadas no local. 
Desde o start up, a água tratada apresenta uma leve coloração amarelada que vem diminuindo a cada dia, com tendência a desaparecer. Sendo assim, dá para falar de sucesso no objetivo de retirar os compostos de ferro e manganês da água. Estamos promovendo ainda alguns pequenos ajustes operacionais e logo atingiremos o máximo possível de redução e potabilidade. Numa próxima oportunidade, apresentaremos mais detalhes e o histórico do processo.

Autor: Carlos Alberto de Salles
Biólogo e Químico - RT da Associação Remar do Brasil - Jacareí

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