A presença de ferro e manganês em águas de corpos subterrâneos é muito
comum no Brasil, inclusive no Estado de São Paulo. Esses íons, que geralmente
aparecem associados, causam depósitos e incrustações, possibilitando o
aparecimento de bactérias ferruginosas nocivas nas redes de distribuição, além
de serem responsáveis pelo aparecimento de gosto e odor na água e de mancharem
roupas e aparelhos sanitários devido à coloração amarronzada ou púrpura de seus
sais ferrosos e manganosos.
Apesar da frequência com que esse problema ocorre, a abordagem técnica continua
sendo a mesma, privilegiando os processos oxidativos para tratamento e remoção
do metal. Isso ocorre em duas principais etapas, onde se inicia com a adição de
algum oxidante como o oxigênio, cloro ou permanganato de potássio para
precipitação dos íons dissolvidos. A escolha do agente oxidante depende da
qualidade da água, como por exemplo; se houver matéria orgânica proveniente dos
mananciais, será necessário um oxidante mais forte para formação dos sais
precipitados. Porém, a oxidação das formas dissolvidas desses íons costuma ser
muito simples e rápida, bastando na maioria das vezes apenas uma boa aeração com
pH adequado para conseguir a formação do precipitado. Veja mais neste
link. Na segunda etapa, procede-se a remoção dos precipitados formados
através da sedimentação, flotação ou filtração. Também podem ser aplicados
procedimentos mais dispendiosos para esse fim, como a troca iônica, microfiltração
ou manofiltração, dependendo da necessidade.
Para ilustrar, gostaria de citar a Associação Remar do Brasil, entidade
em que presto serviços de responsabilidade técnica. A mesma é abastecida por um
poço semiartesiano que capta água do Aquífero Cristalino, em Jacareí. Essa água
apresenta concentração de ferro muito acima do valor máximo permitido pela legislação
federal, provocando aumento da cor
aparente e da turbidez. Por isso mesmo, e também interessados em promover as melhorias
necessárias, os gestores decidiram fazer um up grade em sua estação de captação
e tratamento de água, que foi totalmente reformulada.
Para tratar a água foi implantado um sistema
de desfeirrização do tipo tabuleiro constituído por três bandejas de aeração, um
sistema de cloração que complementa o processo oxidativo, um tanque de
sedimentação e filtragem em areia pressurizada para retenção dos compostos
metálicos oxidados. O processo se encerra com um filtro de entrada para
retenção de eventuais partículas. Simples assim, mas suficiente para garantir o
padrão de potabilidade da água utilizada na associação.
Com duas semanas de funcionamento, ainda não obtivemos os resultados das
analises químicas, porém foi constatado que a água não apresenta mais gosto nem
odor de ferrugem, assim como não está mais marcando os aparelhos sanitários e
nem amarelando as roupas lavadas no local.
Desde o start up, a água tratada apresenta
uma leve coloração amarelada que vem diminuindo a cada dia, com tendência a
desaparecer. Sendo assim, dá para falar de sucesso no objetivo de retirar os
compostos de ferro e manganês da água. Estamos promovendo ainda alguns pequenos
ajustes operacionais e logo atingiremos o máximo possível de redução e
potabilidade. Numa próxima oportunidade, apresentaremos mais detalhes e o histórico
do processo.
Autor: Carlos Alberto de Salles
Biólogo e Químico - RT da Associação Remar do Brasil - Jacareí
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