segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Tratamento Preliminar de Efluentes.

Sua importância e os cuidados necessários.


O tratamento preliminar de efluentes, apesar de não parecer, é de grande importância para todo o sistema. É essa a etapa de preparação dos efluentes para tratamento subsequente. O gradeamento, o peneiramento, a desarenação, a remoção de óleos e graxas entre outros, são processos físicos que constituem o chamado tratamento preliminar e que irão evitar carrear sólidos maiores e abrasivos que poderiam causar danos ao sistema operacional. É sobre isso que irei falar um pouco, deixando algumas dicas que poderão ser úteis em algum momento.


As grades e peneiras são as primeiras unidades de uma estação de tratamento e têm a função de proteger as tubulações, válvulas, bombas, registros e equipamentos em geral contra entupimentos e travamentos, além de promover a redução de volume de escuma. Por isso mesmo não devem ser negligenciados seu uso, limpeza e manutenção. O material gradeado  - normalmente constituído de papel, plástico, madeira, metal, etc. -  deve ser completamente removido do sistema, lavado, triturado e disposto em aterro adequado.

Há também o processo de desarenação que separa o material de rápida decantação contido no efluente. Sua finalidade é proteger as bombas contra abrasão, evitar obstrução de tubulações, de sifões e depósito inerte no fundo dos tanques. Uma atenção dedicada a essa etapa do processo pode resultar em muita economia com gastos de manutenção.

Os desarenadores podem ser canais ou caixas com by pass, construídos para reduzir a velocidade de escoamento do efluente e permitir a deposição e retirada das partículas com maior velocidade de sedimentação. Conforme recomenda a NBR 12209/92, o projeto deve prever a remoção mínima de 95% em massa das partículas com diâmetro a partir de 0,2 mm. Vale dizer que a velocidade de efluente recomendável nas caixas de areia é próxima de 0,30 m/s. A propósito, para quem desejar saber mais, conhecer melhor outras considerações de projeto, parâmetros de dimensionamento, etc., poderá consultar o Manual de Projeto de Estações de Tratamento de Esgotos, de Patrício Gallegos Crespo, volume 1 – Os Sistemas de Tratamento. Eu mesmo utilizei o referido livro para construir esse artigo.

Se for necessário, como no caso de esgotos que contêm óleos e graxas, o tratamento preliminar poderá contar ainda com um tanque de flutuação para remoção dessas substâncias. Para encerrar essa etapa, o efluente será homogeneizado, resfriado se necessário, terá seu pH corrigido  e verterá por uma calha apropriada para medição de vazão, seguindo daí para a próxima etapa que será o tratamento primário.

Para reforçar nosso assunto de hoje, é interessante dizer que existem vários níveis de tratamento nas ETEs, onde podemos encontrar desde o tratamento preliminar - apresentado neste artigo, como o tratamento primário subsequente para retirada dos sólidos sedimentáveis suspensos, o tratamento secundário para retirada dos sólidos em suspensão e parte dos sólidos filtráveis, até o tratamento terciário para retirada dos sólidos filtráveis remanescentes e minimização de nutrientes como o nitrogênio e fósforo, podendo ainda finalizar com a desinfecção do efluente tratado.

Dá para perceber então quão importante são os processos dessa etapa preliminar de tratamento? Por isso mesmo os cuidados operacionais devem ser constantemente direcionados para as grades, peneiras e canais existentes para garantir organização, limpeza e eficiência na correta preparação dos efluentes.  Dessa forma, as outras etapas de tratamento estarão livres para separar com a máxima eficiência, outros tipos de sólidos contidos nesse mesmo efluente.

Para encerrar, gostaria de deixar definido que a próxima postagem irá abordar o tratamento primário de efluentes. Por esse caminho, seguiremos uma lógica operacional que irá favorecer a reflexão e um melhor entendimento do processo.


Autor: José Leonardo da Silva Cardoso
Gestor Ambiental e Químico






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