Sua importância e os cuidados necessários.
O tratamento preliminar de
efluentes, apesar de não parecer, é de grande importância para todo o sistema.
É essa a etapa de preparação dos efluentes para tratamento subsequente. O
gradeamento, o peneiramento, a desarenação, a remoção de óleos e graxas entre
outros, são processos físicos que constituem o chamado tratamento preliminar e
que irão evitar carrear sólidos maiores e abrasivos que poderiam causar danos ao
sistema operacional. É sobre isso que irei falar um pouco, deixando algumas
dicas que poderão ser úteis em algum momento.
As grades e peneiras são as
primeiras unidades de uma estação de tratamento e têm a função de proteger as
tubulações, válvulas, bombas, registros e equipamentos em geral contra
entupimentos e travamentos, além de promover a redução de volume de escuma. Por
isso mesmo não devem ser negligenciados seu uso, limpeza e manutenção. O
material gradeado - normalmente constituído
de papel, plástico, madeira, metal, etc. - deve ser completamente removido do sistema, lavado,
triturado e disposto em aterro adequado.
Há também o processo de
desarenação que separa o material de rápida decantação contido no efluente. Sua
finalidade é proteger as bombas contra abrasão, evitar obstrução de tubulações,
de sifões e depósito inerte no fundo dos tanques. Uma atenção dedicada a essa
etapa do processo pode resultar em muita economia com gastos de manutenção.
Os desarenadores podem ser canais
ou caixas com by pass, construídos para reduzir a velocidade de escoamento do
efluente e permitir a deposição e retirada das partículas com maior velocidade
de sedimentação. Conforme recomenda a NBR 12209/92, o projeto deve prever a
remoção mínima de 95% em massa das partículas com diâmetro a partir de 0,2 mm. Vale
dizer que a velocidade de efluente recomendável nas caixas de areia é próxima
de 0,30 m/s. A propósito, para quem desejar saber mais, conhecer melhor outras
considerações de projeto, parâmetros de dimensionamento, etc., poderá consultar
o Manual de Projeto de Estações de Tratamento de Esgotos, de Patrício Gallegos
Crespo, volume 1 – Os Sistemas de Tratamento. Eu mesmo utilizei o referido
livro para construir esse artigo.
Se for necessário, como no caso
de esgotos que contêm óleos e graxas, o tratamento preliminar poderá contar ainda
com um tanque de flutuação para remoção dessas substâncias. Para encerrar essa
etapa, o efluente será homogeneizado, resfriado se necessário, terá seu pH
corrigido e verterá por uma calha
apropriada para medição de vazão, seguindo daí para a próxima etapa que será o
tratamento primário.
Para reforçar nosso assunto de
hoje, é interessante dizer que existem vários níveis de tratamento nas ETEs,
onde podemos encontrar desde o tratamento preliminar - apresentado neste
artigo, como o tratamento primário subsequente para retirada dos sólidos
sedimentáveis suspensos, o tratamento secundário para retirada dos sólidos em
suspensão e parte dos sólidos filtráveis, até o tratamento terciário para
retirada dos sólidos filtráveis remanescentes e minimização de nutrientes como
o nitrogênio e fósforo, podendo ainda finalizar com a desinfecção do efluente
tratado.
Dá para perceber então quão
importante são os processos dessa etapa preliminar de tratamento? Por isso
mesmo os cuidados operacionais devem ser constantemente direcionados para as
grades, peneiras e canais existentes para garantir organização, limpeza e
eficiência na correta preparação dos efluentes. Dessa forma, as outras etapas de tratamento estarão
livres para separar com a máxima eficiência, outros tipos de sólidos contidos
nesse mesmo efluente.
Para encerrar, gostaria de deixar
definido que a próxima postagem irá abordar o tratamento primário de efluentes.
Por esse caminho, seguiremos uma lógica operacional que irá favorecer a
reflexão e um melhor entendimento do processo.
Autor: José Leonardo da Silva
Cardoso
Gestor Ambiental e Químico
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