No artigo anterior foram
apresentadas algumas das principais características dos aquíferos do Vale
do Paraíba. Resumidamente vimos onde, quando e como se formaram; seus tamanhos,
afloramentos e capacidades de produção. Agora apresentaremos os principais
contaminantes que podem afetar a qualidade geral de suas águas, as
correspondentes fontes de contaminação e fecharemos apresentando alguns
cuidados importantes que se deve ter na construção e operação dos poços
profundos, para evitar que estes também sejam meios de contaminação.
Ambos, Cristalino e Taubaté, têm
comportamento de aquíferos livres na região e se tornam muito vulneráveis a
todo tipo de poluição, principalmente durante seu reabastecimento com as águas
da chuva. Por isso, suas zonas de
recarga precisam de conservação e monitoramento constante dos municípios e do
Estado.
O controle das fontes poluidoras do solo e das águas subterrâneas deve
ser feito regularmente em áreas com possibilidade de vazamento de esgotos, infiltração
de combustíveis, carreamento de resíduos agrícolas e depósitos de resíduos em
geral.
No Estado de São Paulo, o
monitoramento das águas subterrâneas é feito pela CETESB, que mede mais de 40
parâmetros físicos, químicos e biológicos e subsidia ações de prevenção e
controle da poluição nas áreas de risco.
Entre os principais contaminantes
nocivos a nossa saúde, encontrados nas águas subterrâneas, podemos citar o
nitrato. Este é indicativo de fontes de contaminação como esgoto doméstico,
lixo, fertilizantes agrícolas, efluentes ou resíduos industriais. O nitrato afeta
diretamente o meio ambiente podendo causar eutrofização de estuários e
ecossistemas costeiros (Hoarth et al, 1996) e se torna tóxico a saúde humana
quando se reduz a nitrito e entra na corrente sanguínea, dificultando o
transporte do oxigênio para as células do corpo humano.
Outro importante indicador de
contaminação antrópica são os coliformes fecais encontrados principalmente em
aquíferos livres, localizados onde não há sistema eficiente de coleta e
tratamento de esgoto. Os coliformes fecais indicam contaminação recente por
efluentes domésticos, esterco animal, chorume de lixões, etc. Trazem grandes
riscos a nossa saúde.
Benzeno, tolueno, xileno e naftaleno,
entre outros, representam os contaminantes orgânicos, encontrados em águas
subterrâneas. Estes estão diretamente relacionados a vazamentos de tanques de
combustíveis de postos de abastecimento e são contaminantes altamente
cancerígenos.
Também, o cromo total poderá estar
associado à atividade industrial, se não for de origem natural, proveniente de
minerais de argila ou das rochas ígneas. Outros metais - como o flúor, ferro,
manganês, vanádio, alumínio – também poderão estar associados ao tipo
específico de rocha existente no aquífero.
Quando se encontra contaminação significante
em algum poço, aciona-se a Vigilância Sanitária local para que sejam tomadas as
providencias necessárias para evitar o consumo de suas águas sem o devido tratamento
e também para efetuar o controle das fontes poluidoras. Na maioria das vezes
não foram observados aspectos importantes na construção dos poços - tanto em
relação ao poço perfurado como ao escavado - tais como a localização que deve
ser acima e distante ao menos em 30 m da fonte de contaminação, tampa e
cobertura acima do solo para proteger contra inundações, impermeabilização no
entorno e nas paredes internas em até 3 m da superfície para evitar
infiltrações.
A propósito, visando contribuir com a
exploração racional das águas subterrâneas, a FIESP, em parceria com a ABAS
(Associação Brasileira de Águas Subterrâneas), editou o manual Cartilha de Orientação para a Utilização de
Águas Subterrâneas no Estado de São Paulo. Esse manual disponibiliza as
informações necessárias para os critérios de projeto e procedimentos a
serem adotados na construção, instalação dos equipamentos de bombeamento e
operação dos poços tubulares profundos. Dispõe também de um roteiro que irá
auxiliar o gestor em todos os passos do projeto.
Os procedimentos corretos de projeção,
construção e operação dos poços, irão proteger tanto a estrutura de produção e
fornecimento de água como também o próprio aquífero. E para completar, vale
reforçar que é necessária uma sistemática continuada de proteção do entorno dos
poços para evitar outras possíveis fontes de contaminação.
Autor: José Leonardo da Silva Cardoso
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