quarta-feira, 18 de maio de 2016

Fontes de Contaminação dos Aquíferos.

No artigo anterior foram apresentadas algumas das principais características dos aquíferos do Vale do Paraíba. Resumidamente vimos onde, quando e como se formaram; seus tamanhos, afloramentos e capacidades de produção. Agora apresentaremos os principais contaminantes que podem afetar a qualidade geral de suas águas, as correspondentes fontes de contaminação e fecharemos apresentando alguns cuidados importantes que se deve ter na construção e operação dos poços profundos, para evitar que estes também sejam meios de contaminação.


Ambos, Cristalino e Taubaté, têm comportamento de aquíferos livres na região e se tornam muito vulneráveis a todo tipo de poluição, principalmente durante seu reabastecimento com as águas da chuva.  Por isso, suas zonas de recarga precisam de conservação e monitoramento constante dos municípios e do Estado. 


O controle das fontes poluidoras do solo e das águas subterrâneas deve ser feito regularmente em áreas com possibilidade de vazamento de esgotos, infiltração de combustíveis, carreamento de resíduos agrícolas e depósitos de resíduos em geral.


No Estado de São Paulo, o monitoramento das águas subterrâneas é feito pela CETESB, que mede mais de 40 parâmetros físicos, químicos e biológicos e subsidia ações de prevenção e controle da poluição nas áreas de risco.

Entre os principais contaminantes nocivos a nossa saúde, encontrados nas águas subterrâneas, podemos citar o nitrato. Este é indicativo de fontes de contaminação como esgoto doméstico, lixo, fertilizantes agrícolas, efluentes ou resíduos industriais. O nitrato afeta diretamente o meio ambiente podendo causar eutrofização de estuários e ecossistemas costeiros (Hoarth et al, 1996) e se torna tóxico a saúde humana quando se reduz a nitrito e entra na corrente sanguínea, dificultando o transporte do oxigênio para as células do corpo humano.

Outro importante indicador de contaminação antrópica são os coliformes fecais encontrados principalmente em aquíferos livres, localizados onde não há sistema eficiente de coleta e tratamento de esgoto. Os coliformes fecais indicam contaminação recente por efluentes domésticos, esterco animal, chorume de lixões, etc. Trazem grandes riscos a nossa saúde.

Benzeno, tolueno, xileno e naftaleno, entre outros, representam os contaminantes orgânicos, encontrados em águas subterrâneas. Estes estão diretamente relacionados a vazamentos de tanques de combustíveis de postos de abastecimento e são contaminantes altamente cancerígenos.

Também, o cromo total poderá estar associado à atividade industrial, se não for de origem natural, proveniente de minerais de argila ou das rochas ígneas. Outros metais - como o flúor, ferro, manganês, vanádio, alumínio – também poderão estar associados ao tipo específico de rocha existente no aquífero.

Quando se encontra contaminação significante em algum poço, aciona-se a Vigilância Sanitária local para que sejam tomadas as providencias necessárias para evitar o consumo de suas águas sem o devido tratamento e também para efetuar o controle das fontes poluidoras. Na maioria das vezes não foram observados aspectos importantes na construção dos poços - tanto em relação ao poço perfurado como ao escavado - tais como a localização que deve ser acima e distante ao menos em 30 m da fonte de contaminação, tampa e cobertura acima do solo para proteger contra inundações, impermeabilização no entorno e nas paredes internas em até 3 m da superfície para evitar infiltrações.
 
A propósito, visando contribuir com a exploração racional das águas subterrâneas, a FIESP, em parceria com a ABAS (Associação Brasileira de Águas Subterrâneas), editou o manual Cartilha de Orientação para a Utilização de Águas Subterrâneas no Estado de São Paulo. Esse manual disponibiliza as informações necessárias para os critérios de projeto e procedimentos a serem adotados na construção, instalação dos equipamentos de bombeamento e operação dos poços tubulares profundos. Dispõe também de um roteiro que irá auxiliar o gestor em todos os passos do projeto.

Os procedimentos corretos de projeção, construção e operação dos poços, irão proteger tanto a estrutura de produção e fornecimento de água como também o próprio aquífero. E para completar, vale reforçar que é necessária uma sistemática continuada de proteção do entorno dos poços para evitar outras possíveis fontes de contaminação.

Autor: José Leonardo da Silva Cardoso

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