segunda-feira, 11 de abril de 2016

Águas Subterrâneas do Vale do Paraíba.

A Secretaria do Meio Ambiente do Estado de S. Paulo divulgou em 2012, o Caderno de Educação Ambiental intitulado As Águas Subterrâneas do Estado de São Paulo, onde as autoras Mara Akie Iritani e Sibele Ezaki, do Instituto Geológico, apresentam o tema em linguagem acessível e criteriosa. É um material de divulgação para o público em geral, com o intuito de conscientizar o leitor e fazê-lo parceiro na proteção dos onze principais aquíferos que abastecem quase metade do território paulista. Segundo dados da CETESB, cerca de 80% dos municípios já utilizavam água subterrânea no abastecimento público em 2006.

Buscando ampliar esse leque de divulgação e conscientização, a Biotrakti se prontifica em apresentar aos seus parceiros, uma transcrição das principais características das duas unidades hidrogeológicas situadas na região do Vale do Paraíba – os aquíferos: Cristalino e Taubaté. O texto completo encontra-se disponível em www.igeologico.sp.gov.br.


 O Aquífero Cristalino

O Cristalino é um aquífero fraturado, ou seja, é formado por rochas ígneas e metamórficas. As primeiras formaram-se pelo resfriamento do magma, como o granito por exemplo. As metamórficas, como os gnaisses, xistos, quartzitos e metacalcários, foram geradas quando as rochas ígneas ou sedimentares foram submetidas a mudanças significativas de temperatura e pressão. Como são rochas maciças e compactas, que não apresentam espaços vazios entre os minerais que as compõem, a água circula nas fraturas formadas durante e após o resfriamento da lava ou posteriormente à formação da rocha, decorrentes dos esforços gerados na movimentação de placas tectônicas.


Formado há mais de 550 milhões de anos, o Aquífero Cristalino é composto pelas rochas mais antigas do Estado de São Paulo. Aflora na porção leste do território paulista, em área de 53.400 km2, abrangendo cidades como Campos de Jordão, Águas de Lindóia, Jundiaí, Tapiraí, Iporanga, dentre outras, a Região Metropolitana de São Paulo, chegando até o litoral. Os poços que o exploram estão concentrados nesta parte aflorante, com comportamento de aquífero livre. Estes poços atingem, em geral, 100 a 150 metros de profundidade, uma vez que a ocorrência de fraturas abertas ao fluxo da água tende, na maioria dos casos, a diminuir em níveis mais profundos. Ele se estende para oeste do Estado, abaixo da Bacia Sedimentar do Paraná, a grandes profundidades, impossibilitando sua utilização.

No Cristalino predomina a característica de Aquífero Pré-Cambriano, que apresenta porosidade fissural representada apenas por fraturas na rocha. Esta unidade abrange o norte, nordeste e sudeste do Estado de São Paulo. Sua produtividade é baixa e bastante variável, estando condicionada à presença de fraturas abertas. A vazão média dos poços é em torno de 5 m3/h, mas é comum encontrar poços próximos com vazões muito diferentes devido à variação no número, tipo de abertura e conexão das fraturas. Fernandes et al. (2005 in DAEE/IG/IPT/CPRM 2005) definiram vazões prováveis nesta unidade, variando de 1 a 23 m3/h, com área menos produtiva na região ao norte do Rio Paraíba do Sul, entre Campos de Jordão, Bragança Paulista e Francisco Morato.

A água do Aquífero Cristalino apresenta boa qualidade para consumo humano e usos em geral. Entretanto, deve-se dar especial atenção à proteção de qualidade de suas águas na unidade Pré-Cambriana, por ocorrer como aquífero livre em áreas populosas e industrializadas, como na Região Metropolitana de São Paulo e na região entre Campinas e Sorocaba. Nessas áreas, o Aquífero Cristalino é utilizado para abastecimento complementar de pequenas comunidades em municípios como Bananal, Jambeiro, Jarinu, Embu Guaçu e Piedade, assim como para uso industrial, permitindo o desenvolvimento da região, apesar da limitação da oferta de água superficial com qualidade.


O Aquífero Taubaté

Taubaté é um aquífero sedimentar, constituído por sedimentos arenosos e argilosos depositados pela ação dos rios, vento e mar, onde a água circula pelos poros existentes entre os grãos minerais. Tem extensão limitada e localiza-se entre as Serras do Mar e da Mantiqueira, no nordeste do Estado. Ocupa uma área de apenas 2.340 km2, com formato alongado, cujo eixo estende-se na direção nordeste-sudoeste, ao longo do Vale do Paraíba.

Os sedimentos que compõem este aquífero foram depositados há mais de 2 milhões de anos, diretamente sobre as rochas do Aquífero Cristalino. Uma característica marcante deste aquífero é a intercalação entre as diversas camadas de sedimentos arenosos e argilosos, promovendo uma grande variabilidade litológica em subsuperfície. As camadas mais arenosas, predominantes na parte basal do aquífero, foram depositadas em ambiente fluvial e ocorrem, predominantemente, nas regiões sudoeste, entre Jacareí e São José dos Campos, e nordeste, entre Guaratinguetá e Lorena. Nestas porções, o aquífero possui boa produtividade, abastecendo cidades como Jacareí, São José dos Campos, Caçapava e Lorena, e as vazões sustentáveis recomendadas chegam até 120 m3/h por poço (Mancuso & Monteiro 2005 in DAEE/IG/IPT/CPRM 2005).

A porção mais argilosa foi formada em ambiente lacustre e ocorre, predominantemente, na porção central do aquífero, entre as cidades de Taubaté a Pindamonhangaba. Nesta região, a produtividade do aquífero é baixa e as vazões recomendadas não ultrapassam 10 m3/h por poço (Mancuso & Monteiro 2005 in DAEE/IG/IPT/CPRM 2005).

A espessura do aquífero é variável, aumentando dos limites externos de sua área de  ocorrência para a região central, ao longo do Rio Paraíba do Sul, onde se observam valores entre 200 e 300 metros, podendo superar 400 metros na região de Taubaté.

Por ser totalmente aflorante e ter comportamento livre, é recarregado pela água da chuva que infiltra diretamente no solo, sendo, também, responsável por fornecer água aos rios da região que atuam como áreas de descarga do aquífero, impedindo que estes sequem na época de estiagem. A recarga direta em toda a sua área implica em maior vulnerabilidade a cargas poluentes lançadas na superfície do terreno e que possam infiltrar junto com a água da chuva. Parte do aquífero, entretanto, pode ter comportamento que tende a ser confinado devido à predominância de camadas argilosas em superfície, o que promove certa proteção em determinadas regiões.

Este aquífero apresenta, de forma geral, água de boa qualidade para o consumo humano, mas, devido à alta vulnerabilidade à poluição, é necessário, também, um esforço conjunto do governo e da sociedade para promover sua proteção.


Nenhum comentário:

A BIOTRAKTI é uma empresa paulista, situada no Vale do Paraíba, que atua em todo o Brasil, no segmento de engenharia, projetos, consultoria, e serviços de tratamento de água, efluentes industriais e resíduos sólidos em geral.

A BIOTRAKTI está capacitada para criar soluções de engenharia, de meio ambiente e operacionais, em atendimento às metas ambientais de sua empresa.