Os principais micro-organismos existentes e sua função como instrumento
de diagnóstico de processo.
O processo aeróbio de lodo
ativado possui algumas características peculiares que favorecem o desenvolvimento
da microfauna. Devido à turbulência do sistema de aeração e a turbidez do
material suspenso, não se desenvolvem organismos maiores e nem algas.
Na microbiota são encontrados
vários tipos de bactérias, entre elas as filamentosas (já apresentadas anteriormente),
fungos e leveduras. Para representar a microfauna, temos os protozoários e
micrometazoários, que normalmente são seres aeróbios e que se alimentam de
bactérias, de substâncias orgânicas e outros organismos menores, promovendo a
clarificação do efluente.
Como a identificação de bactérias
é muito difícil e dispendiosa, as estações de tratamento costumam utilizar a
identificação dos protozoários e micrometazoários como indicador. Por exigir um
método de análise mais simples e também porque a microfauna é sensível a todas
as variáveis do processo, sua identificação se torna excelente indicador dos
parâmetros de funcionamento da estação de lodos ativados.
Portanto, depois das observações
iniciais, apresentadas no artigo anterior, é possível continuar a
avaliação microscópica utilizando-se da mesma amostra e proceder a
identificação e quantificação estatística dos protozoários e micrometazoários
ali existentes.
Os organismos do lodo ativado são
classificados em seis grupos básicos, a saber: flagelados, amebas, ciliados
livre nadantes, ciliados fixos, rotíferos e alguns invertebrados. Segue abaixo,
ilustração de um representante para cada grupo:
A maioria dos protozoários e
micrometazoários encontrados com mais frequência se encontra representada no
Anexo 1 do Manual de Microbiologia de Lodos Ativados, da CETESB. Nele temos os
seguintes grupos do filo Protozoa: a classe Mastigophora composta pelos
flagelados, a classe Sarcodina das amebas e tecamebas e a classe Ciliata, com
seus ciliados livres e ciliados pedunculados. Representando os metazoários,
encontramos a classe Rotífera com seus principais gêneros, a classe Nematoda e
o filo Anelida.
Com o equipamento ajustado
para aumentos de 200 e 400X segue-se identificando e quantificando os micro-organismos
dentro de seus respectivos grupos básicos. Depois de registradas as frequências dos protozoários,
parte-se para o indicativo de condições de depuração através da
identificação de grupos dominantes e para a avaliação das características de
processo através dos micro-organismos predominantes.
Geralmente, os gestores se utilizam
de tabelas já preparadas pelos pesquisadores mais conhecidos. Seus estudos
sobre o comportamento da microfauna no lodo ativado se aplicam a grande maioria
das estações de tratamento, com algumas diferenciações importantes que o gestor
atento logo descobrirá por serem inerentes às peculiaridades de cada processo.
O Quadro abaixo apresenta os principais
microrganismos predominantes e as características do processo a eles associadas:
A realização regular da avaliação
microscópica do lodo ativado pode indicar as tendências do processo, sua
eficiência na depuração da matéria orgânica e na sedimentação do lodo. Também
dará indicações da situação do sistema de aeração e da eventual presença de
toxidade ou ocorrência de sobrecargas orgânicas. Ela possibilita também um
melhor controle da idade de lodo, uma vez que os cálculos utilizados para esse
fim sejam imprecisos por causa da falta de acuidade dos instrumentos de
controle de vazão de sólidos.
O conhecimento dos detalhes de
toda a microbiota cruzado com os dados das análises físico-químicas - Demanda
Química de Oxigênio, Índice Volumétrico do Lodo, pH e Oxigênio Dissolvido - facilita
na tomada de decisão para os devidos ajustes operacionais que irão promover a
manutenção ou a melhoria do desempenho do processo de tratamento.
Há tanto que se falar sobre essa
maravilhosa ferramenta de controle de processo que jamais caberia em um simples
artigo como esse. Por isso mesmo, é necessário enfatizar aos gestores,
analistas e operadores das ETEs de lodo ativado, o quanto importante é ter
conhecimento e acesso a esse recurso, para que seja possível realizar o melhor
trabalho e obter os melhores resultados ambientais para a sua empresa.
Autor: José Leonardo da Silva Cardoso.
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