sábado, 19 de março de 2016

AVALIAÇÃO MICROSCÓPICA DO LODO ATIVADO - Parte 3

Os principais micro-organismos existentes e sua função como instrumento de diagnóstico de processo.

O processo aeróbio de lodo ativado possui algumas características peculiares que favorecem o desenvolvimento da microfauna. Devido à turbulência do sistema de aeração e a turbidez do material suspenso, não se desenvolvem organismos maiores e nem algas.

Na microbiota são encontrados vários tipos de bactérias, entre elas as filamentosas (já apresentadas anteriormente), fungos e leveduras. Para representar a microfauna, temos os protozoários e micrometazoários, que normalmente são seres aeróbios e que se alimentam de bactérias, de substâncias orgânicas e outros organismos menores, promovendo a clarificação do efluente.

Como a identificação de bactérias é muito difícil e dispendiosa, as estações de tratamento costumam utilizar a identificação dos protozoários e micrometazoários como indicador. Por exigir um método de análise mais simples e também porque a microfauna é sensível a todas as variáveis do processo, sua identificação se torna excelente indicador dos parâmetros de funcionamento da estação de lodos ativados.

Portanto, depois das observações iniciais, apresentadas no artigo anterior, é possível continuar a avaliação microscópica utilizando-se da mesma amostra e proceder a identificação e quantificação estatística dos protozoários e micrometazoários ali existentes.


Os organismos do lodo ativado são classificados em seis grupos básicos, a saber: flagelados, amebas, ciliados livre nadantes, ciliados fixos, rotíferos e alguns invertebrados. Segue abaixo, ilustração de um representante para cada grupo:



A maioria dos protozoários e micrometazoários encontrados com mais frequência se encontra representada no Anexo 1 do Manual de Microbiologia de Lodos Ativados, da CETESB. Nele temos os seguintes grupos do filo Protozoa: a classe Mastigophora composta pelos flagelados, a classe Sarcodina das amebas e tecamebas e a classe Ciliata, com seus ciliados livres e ciliados pedunculados. Representando os metazoários, encontramos a classe Rotífera com seus principais gêneros, a classe Nematoda e o filo Anelida.

Com o equipamento ajustado para aumentos de 200 e 400X segue-se identificando e quantificando os micro-organismos dentro de seus respectivos grupos básicos. Depois de registradas as frequências dos protozoários, parte-se para o indicativo de condições de depuração através da identificação de grupos dominantes e para a avaliação das características de processo através dos micro-organismos predominantes.

Geralmente, os gestores se utilizam de tabelas já preparadas pelos pesquisadores mais conhecidos. Seus estudos sobre o comportamento da microfauna no lodo ativado se aplicam a grande maioria das estações de tratamento, com algumas diferenciações importantes que o gestor atento logo descobrirá por serem inerentes às peculiaridades de cada processo.


O Quadro abaixo apresenta os principais microrganismos predominantes e as características do processo a eles associadas:


A realização regular da avaliação microscópica do lodo ativado pode indicar as tendências do processo, sua eficiência na depuração da matéria orgânica e na sedimentação do lodo. Também dará indicações da situação do sistema de aeração e da eventual presença de toxidade ou ocorrência de sobrecargas orgânicas. Ela possibilita também um melhor controle da idade de lodo, uma vez que os cálculos utilizados para esse fim sejam imprecisos por causa da falta de acuidade dos instrumentos de controle de vazão de sólidos.  

O conhecimento dos detalhes de toda a microbiota cruzado com os dados das análises físico-químicas - Demanda Química de Oxigênio, Índice Volu­métrico do Lodo, pH e Oxigênio Dissolvido - facilita na tomada de decisão para os devidos ajustes operacionais que irão promover a manutenção ou a melhoria do desempenho do processo de tratamento.

Há tanto que se falar sobre essa maravilhosa ferramenta de controle de processo que jamais caberia em um simples artigo como esse. Por isso mesmo, é necessário enfatizar aos gestores, analistas e operadores das ETEs de lodo ativado, o quanto importante é ter conhecimento e acesso a esse recurso, para que seja possível realizar o melhor trabalho e obter os melhores resultados ambientais para a sua empresa.

Autor: José Leonardo da Silva Cardoso.



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