domingo, 22 de março de 2020

Dia Mundial da Água e a Pandemia do COVID -19


O Dia Mundial da Água - 22 de março - foi criado pela ONU em 1992, com o propósito de chamar a atenção para questões importantes relacionados aos recursos hídricos. Muita água rolou de lá pra cá, trazendo um pouco mais de conscientização e desenvolvimento tecnológico para o setor. Porém, a água limpa e saneamento básico como direitos humanos, assim declarados pela ONU, continuam sendo utopia para três bilhões de pessoas em todo o globo.

Estamos em meio a uma grande crise sanitária mundial, que é a evolução da pandemia provocada pelo novo coronavírus (COVID – 19). Nesse panorama, um dos principais meios de prevenção da doença, é o ato de lavar as mãos com água e sabão. Ocorre que “...apenas três em cada cinco pessoas no mundo têm instalações básicas para lavar as mãos...”.



Vejamos alguns exemplos. Na Palestina, onde meio milhão de pessoas vivem em campos de refugiados na Faixa de Gaza, as moradias são superlotadas e 80% das fontes de água estão contaminadas. Na favela de Mukuru, em Nairóbi (capital do Quênia), onde vive uma população de mais de 500 mil, a água é vendida em baldes. Cidades como Joanesburgo e Chennai quase ficaram sem água no ano passado.

Mais da metade do continente africano e toda a América Latina já contabilizam casos confirmados de coronavírus. Isso é temeroso demais! A pobreza e a falta de saneamento nessas regiões do planeta irão agravar a pandemia.

No Brasil, há 35 milhões sem acesso à rede de água potável, segundo dados do Instituto Trata Brasil. Nas cidades, os afetados são pessoas de baixa renda que vivem em áreas sem infraestrutura, como nas favelas do Rio de Janeiro e de São Paulo. Nesses locais, como na Rocinha, Tabajaras, Providência e Vila Cruzeiro, não é raro faltar água por longos períodos. Em todo o país, são mais de 13 milhões de pessoas que vivem em comunidades – dado fornecido pelo Gilson Rodrigues, líder comunitário e presidente da União de Moradores e Comerciantes de Paraisópolis, uma comunidade de 100 mil habitantes, localizada na zona sul da cidade de São Paulo.

Nas palavras de Gilson, as favelas serão as grandes vítimas do coronavírus no Brasil. É onde mais vai registrar casos da doença. “Como é que um idoso vai entrar em uma situação de isolamento em uma casa com dez pessoas em dois cômodos?”

Será necessário um bom plano de governo para minimizar os impactos dessa pandemia. Na última quinta-feira (19/03/2020) o governo de São Paulo anunciou que a Sabesp vai suspender a cobrança da tarifa social de água para os mais pobres do estado. Serão beneficiadas 560 mil famílias de menor renda. É um bom começo, é uma ação bem-intencionada, mas é uma gota d’água para um oceano de dificuldades. Voltando ao Rio de Janeiro, a CEDAE informou aos repórteres da Folha de S. Paulo que já repararam o fornecimento de água da Rocinha, que estão reforçando o abastecimento no Tabajaras e Providência e que irão verificar a situação da Vila Cruzeiro. Estão fazendo o que podem no momento, mas bem sabemos que a precariedade do sistema do abastecimento de água no Rio de Janeiro não atinge apenas os moradores das favelas.

E assim vai! Se fizermos uma panorâmica de todo o país, em qualquer lugar apontado com dedo iremos detectar algum problema de saneamento, de descaso e/ou de má gestão dos recursos hídricos. Situação essa que sempre é agravada pela falta de educação ambiental de nosso povo. Temos, portanto, um campo fértil para disseminação de muitas pragas e doenças. Nos resta pedir que Deus que nos livre do coronavírus. Tomara que para Ele, essa tarefa seja ainda possível!

Aproveitemos esse 22 de março, Dia Mundial da Água, para refletir melhor nas questões acima e tentar descobrir qual seria a melhor contribuição que cada um de nós pode dar para preservar esse recurso tão precioso que é a água, a seiva do nosso planeta. 



Autor:
José Leonardo da Silva Cardoso
Gestor Ambiental e Diretor Técnico da Biotrakti

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