O Dia Mundial da Água - 22 de março - foi
criado pela ONU em 1992, com o propósito de chamar a atenção para questões
importantes relacionados aos recursos hídricos. Muita água rolou de lá pra cá,
trazendo um pouco mais de conscientização e desenvolvimento tecnológico para o
setor. Porém, a água limpa e saneamento básico como direitos humanos, assim
declarados pela ONU, continuam sendo utopia para três bilhões de pessoas em todo
o globo.
Estamos em meio a uma grande
crise sanitária mundial, que é a evolução da pandemia provocada pelo novo
coronavírus (COVID – 19). Nesse panorama, um dos principais meios de prevenção
da doença, é o ato de lavar as mãos com água e sabão. Ocorre que “...apenas
três em cada cinco pessoas no mundo têm instalações básicas para lavar as
mãos...”.
Vejamos alguns exemplos. Na Palestina,
onde meio milhão de pessoas vivem em campos de refugiados na Faixa de Gaza, as
moradias são superlotadas e 80% das fontes de água estão contaminadas. Na
favela de Mukuru, em Nairóbi (capital do Quênia),
onde vive uma população de mais de 500 mil, a água é vendida em baldes. Cidades
como Joanesburgo e Chennai quase ficaram sem água no ano passado.
Mais da metade do continente
africano e toda a América Latina já contabilizam casos confirmados de coronavírus.
Isso é temeroso demais! A pobreza e a falta de saneamento nessas regiões do planeta
irão agravar a pandemia.
No Brasil, há 35 milhões sem
acesso à rede de água potável, segundo dados do Instituto Trata Brasil. Nas
cidades, os afetados são pessoas de baixa renda que vivem em áreas sem
infraestrutura, como nas favelas do Rio de Janeiro e de São Paulo. Nesses
locais, como na Rocinha, Tabajaras, Providência e Vila Cruzeiro, não é raro
faltar água por longos períodos. Em todo o país, são mais de 13 milhões de
pessoas que vivem em comunidades – dado fornecido pelo Gilson Rodrigues, líder
comunitário e presidente da União de Moradores e Comerciantes de Paraisópolis,
uma comunidade de 100 mil habitantes, localizada na zona sul da cidade de São
Paulo.
Nas palavras de Gilson, as favelas serão as grandes vítimas do coronavírus no Brasil.
É onde mais vai registrar casos da doença. “Como é que um idoso vai entrar em
uma situação de isolamento em uma casa com dez pessoas em dois cômodos?”
Será necessário um bom plano
de governo para minimizar os impactos dessa pandemia. Na última quinta-feira
(19/03/2020) o governo de São Paulo anunciou que a Sabesp vai suspender a
cobrança da tarifa social de água para os mais pobres do estado. Serão
beneficiadas 560 mil famílias de menor renda. É um bom começo, é uma ação bem-intencionada,
mas é uma gota d’água para um oceano de dificuldades. Voltando ao Rio de
Janeiro, a CEDAE informou aos repórteres da Folha de S. Paulo que já repararam
o fornecimento de água da Rocinha, que estão reforçando o abastecimento no
Tabajaras e Providência e que irão verificar a situação da Vila Cruzeiro. Estão
fazendo o que podem no momento, mas bem sabemos que a precariedade do sistema
do abastecimento de água no Rio de Janeiro não atinge apenas os moradores das
favelas.
E assim vai! Se fizermos uma
panorâmica de todo o país, em qualquer lugar apontado com dedo iremos detectar
algum problema de saneamento, de descaso e/ou de má gestão dos recursos
hídricos. Situação essa que sempre é agravada pela falta de educação ambiental
de nosso povo. Temos, portanto, um campo fértil para disseminação de muitas
pragas e doenças. Nos resta pedir que Deus que nos livre do coronavírus. Tomara
que para Ele, essa tarefa seja ainda possível!
Aproveitemos esse 22 de
março, Dia Mundial da Água, para refletir melhor nas questões acima e tentar
descobrir qual seria a melhor contribuição que cada um de nós pode dar para
preservar esse recurso tão precioso que é a água, a seiva do nosso planeta.
Autor:
José
Leonardo da Silva Cardoso
Gestor
Ambiental e Diretor Técnico da Biotrakti
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