Preenchemos
outubro com boas atividades, além daquelas que já compõe nossa rotina. Primeiramente,
fomos prestigiar o maior encontro de Saneamento Ambiental das Américas, o
Congresso ABES/FENASAN 2017 que aconteceu entre os dias 2 e 6, em São Paulo,
onde pudemos rever alguns colegas, conhecer outros profissionais e prestigiar
as grandes empresas do setor. Depois, para fechar o período com chave de ouro,
estivemos também no 50º ABTCP Congresso Internacional de Celulose e Papel, que
ocorreu entre os dias 23 e 25 últimos, também em São Paulo, onde apresentamos
um paper denominado “ESTUDO DE CASO: MODIFICAÇÕES EM UMA
ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE EFLUENTES VISANDO O REÚSO”.
Nós,
os autores do paper, José Leonardo Cardoso da Biotrakti, David Charles Meissner
da DCMEvergreen e o biólogo Ademir Leite Araújo, desenvolvemos um estudo que
propõe a inserção de um processo de MBR para produção
de água de reúso dentro do processo industrial em uma ETE do lodo ativado tipo Attisholz já existente.
O
estudo propõe modificações de equipamentos e operações,
tanto no primeiro estágio de um sistema de tratamento biológico de efluentes, como
considera também sua aplicação em sistemas de aeração prolongada.
A
reutilização do efluente tratado pelo processo de MBR permitirá:
(a) obter melhorias na “pegada hídrica”
da fábrica de celulose, com ganhos significativos de sustentabilidade e
ambientais em geral, como a diminuição da captação de água e da água consumida,
assim como também menor geração de efluentes e os impactos ambientais
resultantes do seu lançamento no meio ambiente;
(b) manter a produção de celulose
durante uma estiagem e limitação no fornecimento da água industrial;
(c) no caso de pretender aumentar a
produção de celulose, não seria necessário aumentar o volume da água captada do
rio, nem tratar e lançar um volume maior de efluente.
É
interessante também citar os benefícios indiretos que advêm dessa forma de
aplicação do MBR, como a possibilidade de desafogar o processo de depuração da
ETE em situações de aumento de produção, de manutenção ou na ocorrência de
problemas operacionais diversos. Outro benefício esperado pela inserção de um
processo MBR dentro do tanque de aeração é a melhora da qualidade do efluente
tratado (permeado) devido ao aumento do tempo de retenção hidráulica e
concentração de SST no tanque de aeração que poderá contribuir para elevar a
eficiência de remoção das cargas orgânicas.
A
escolha da instalação do MBR no 1º estágio secundário foi devido à relativa
baixa carga orgânica e cor do efluente no primeiro estágio biológico que poderá
facilitar a produção de um melhor efluente final tratado (EFT) para reúso. Destaca-se
também que o primeiro estágio biológico da ETE existente na fábrica, além de
permitir o controle da relação F/M, também fornece um efluente pré-tratado de
melhor qualidade, particularmente se comparado com alguns dos efluentes
setoriais factíveis de serem tratados e que poderiam requerer ainda um
pré-tratamento para corrigir pH, temperatura e fazer a retirada preliminar de
sólidos suspensos e inertes.
Dois
tipos de membranas e suportes foram dimensionados, e as implicações
operacionais foram avaliadas. Discutiu-se de forma sintética, como poderia ser
reutilizado o efluente da saída do processo de MBR. Também são apresentados
alguns comentários sobre os custos destas modificações e como poderiam ser
reduzidos os riscos de sua implantação.
Esse
estudo como tantos outros, foi motivado pela grande preocupação que o setor de
celulose e papel tem com o alto consumo de água que é utilizada como veículo de
fibras, reagentes e calor por todo o processo fabril. Por isso mesmo, se
desenvolveram ao longo dos últimos anos esquemas interessantes de fechamento de
circuitos para melhor aproveitar a água com menor geração de efluentes,
principalmente nas áreas de branqueamento de celulose. Em paralelo, foram se
desenvolvendo também as práticas de redução de perdas e escapes de água.
Feitos
os ajustes finos nos processos existentes, o olhar das empresas agora se volta
para a aplicação das novas tecnologias que estão invadindo o mercado
brasileiro. As novas plantas já trazem muita inovação consigo, mas também é
chegado o momento em que as plantas antigas começam a fazer um up grade em seus processos, incorporando
tais tecnologias, principalmente aquelas que além de melhorarem a eficiência
dos processos, ainda dão significativos ganhos para a pegada hídrica da
empresa.
Autor: José Leonardo
Cardoso
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