O tratamento secundário de
efluentes é empregado para remoção do material biodegradável por ação de micro-organismos,
seja em lagoas de estabilização ou aeradas, filtração biológica aeróbica ou
anaeróbica, reatores anaeróbios ou sistema de lodos ativados. O material
biodegradável retirado neste nível de tratamento corresponde aos sólidos em
suspensão e parte dos sólidos filtráveis do efluente.
Sistema Convencional de Lodos Ativados:
Para desenvolver o tema,
escolhemos fazer uma breve descrição do sistema convencional de lodos ativados,
tanto devido sua grande utilização nas indústrias da região e nos grandes
centros urbanos, como também devido a simplicidade do princípio biológico que
se aplica a esse processo.
Há de se considerar que o
efluente já passou por um pré-tratamento e um tratamento primário, como
descrito nos dois últimos artigos desse blog. Agora, esse efluente chega ao
tanque de aeração, também denominado reator biológico, trazendo grande
quantidade de matéria orgânica - quantificada pela DBO - que irá alimentar a
população bacteriana que constitui o chamado lodo ativado que se encontra no interior do referido tanque de aeração.
Existe um sistema operacional nas
ETEs - estruturado com reator biológico, decantador secundário, estação
elevatória de recirculação de lodo, estação elevatória de lodo excedente e
sistemas de medição de recirculação e descarte - que gera e controla a massa
biológica residente nos tanques de aeração e a quantifica como sólidos
suspensos voláteis. É assim que - na presença de oxigênio fornecido e de
nutrientes como nitrogênio, fósforo e potássio - as bactérias irão liberar
enzimas para decompor a matéria orgânica e integrá-la ao seu organismo. Essa
assimilação do alimento e a correspondente reprodução bacteriana resultam no
aumento da massa biológica, que tem sua quantidade controlada por meio de um
sistema de descarte de lodo excedente. A propósito, em Controle
de Sólidos em Sistema Aeróbio de Lodo Ativado, publicado neste blog em 15
de Abril de 2015, encontramos um esquema ilustrativo do processo e a apresentação
dos elementos constituintes do lodo ativado.
Depois de os micro-organismos se
aglutinarem no tanque de aeração, formando os flocos de massa biológica, estes
irão se depositar no decantador situado a jusante. Daí, o lodo decantado e
enriquecido biologicamente será recirculado para o tanque de aeração de onde
veio, para reforçar a atividade biológica do processo.
Ainda nessa mesma estação
elevatória de recirculação, poderemos ter o sistema de descarte de lodo
excedente. É essa estrutura que irá permitir o controle da quantidade do
material biológico, representado como SSV no reator ou tanque de aeração. A
relação do alimento afluente (DBO) com a quantidade necessária de
micro-organismos para consumi-lo e o tempo médio de residência celular irão
ditar as regras de descarte do material excedente.
Ao final do processo biológico de
lodos ativados, uma parte da matéria orgânica do efluente foi convertida em
biomassa bacteriana e a outra parte foi mineralizada em gás carbônico e água. O
efluente tratado poderá ainda ser reutilizado como água industrial, favorecendo
a relação custo/benefício do processo.
O lodo biológico descartado
poderá ser adensado, digerido quimicamente e/ou desaguado em equipamentos
apropriados como em centrífugas na presença de polímeros ou outros meios. É
importante saber que a eficiência do tratamento de lodo biológico está
relacionada ao seu tempo de residência celular no processo. Quanto mais velho o
lodo, melhor será sua digestão e desague. Mas deixemos essa parte do processo
para apresentar em outro artigo.
Seria impossível detalhar o
tratamento secundário de efluentes em um artigo de duas laudas como esse. Nem é esse nosso propósito! Mas temos a sorte
de existir vários bons autores especializados no assunto, além de excelentes pesquisadores
que de tempos em tempos aparecem com interessantes novidades. O pessoal
envolvido com essa área de conhecimento no Brasil gosta muito de explorar os
livros de Marcos Von Sperling e D. Jenkins entre outros tantos. Na internet, você
também poderá encontrar muitas outras importantes referências que irão te
auxiliar a ampliar o conhecimento e te direcionar melhor na solução de
problemas operacionais muito específicos.
Autor: José Leonardo da Silva
Cardoso
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