terça-feira, 27 de setembro de 2016

Tratamento Primário de Efluentes.

Conforme planejado, estamos dando sequência à produção de conteúdo deste blog.  O texto se desenvolve como de costume - descreve o processo utilizando a experiência adquirida pelo autor em chão de fábrica, entremeada com passagens encontradas na literatura especializada. Assim então, segue esta postagem com algumas importantes considerações sobre o tratamento primário de efluentes.
leitos de secagem de lodos
É nesse nível de tratamento que ocorre a retirada dos sólidos sedimentáveis suspensos e dos sólidos flutuantes remanescentes. Também é nessa fase que se faz o adensamento, a digestão e a secagem do lodo primário em unidades específicas.


A remoção dos sólidos sedimentáveis suspensos é feita nos decantadores primários, onde ocorrem os fenômenos físicos de decantação. Paralelamente, os sólidos flutuantes remanescentes do pré-tratamento são retirados na forma de escuma pelos raspadores de superfície desses mesmos decantadores. O controle operacional deve garantir o bom funcionamento desses raspadores para evitar problemas em outras fases do processo. Deve ser de conhecimento do pessoal da estação de tratamento, que a entrada de escuma contendo resíduos de óleos, corantes ou tintas no tratamento secundário pode favorecer a formação de espuma escura na superfície dos tanques de aeração ou baixar o residual de oxigênio dissolvido no líquido misto, causando assim aumento no consumo de energia e redução da eficiência global do processo.




 De acordo com o funcionamento, os decantadores se classificam como tanques sépticos, tanques Imhoff ou decantadores comuns. O primeiro promove o estado séptico devido ao longo tempo de detenção do lodo, gerando substâncias sólidas parcialmente mineralizadas, líquidos e gases. O segundo, que é composto por dois compartimentos, processa a sedimentação na câmara superior e digere a matéria orgânica na câmara inferior com período normal de detenção. Já os decantadores comuns são simplesmente tanques de sedimentação onde o lodo produzido é normalmente removido de forma simples e periódica por meio de bombas. Se você desejar saber mais detalhes, poderá consultar “Tratamento de Águas Residuárias” de José M. Azevedo Netto e Max L. Hess, onde irá encontrar as outras classificações possíveis para os decantadores, de acordo com a forma, com o tipo de fundo e sistema de remoção de lodo.

A eficiência de remoção de sólidos nesses decantadores vai depender das características dos próprios sólidos - como tamanho, densidade e forma; vai depender também da viscosidade e da temperatura do líquido, da taxa de escoamento superficial e do tempo de retenção dos decantadores. Patrício G. Crespo informa em seu “Manual de Projeto de Estações de Tratamento de Esgotos” que, normalmente a decantação total dos sólidos sedimentáveis em unidades convencionais de tratamento primário corresponde a aproximadamente 60% dos sólidos em suspensão e a 30% do total da DBO do efluente. Portanto, já dá pra perceber que se o sistema for operado com maestria e houver uma boa prática de manutenção preventiva dos equipamentos, o tratamento subsequente irá receber um afluente mais fácil de tratar e que trará economia no consumo de insumos, como energia, nutrientes, polímeros e antiespumante.

Depois de decantado e adensado, o lodo precisa ser digerido para reduzir seu volume. Então as substâncias orgânicas nele contidas se decompõem formando gases como o metano e o dióxido de carbono. Depois de digerido, esse lodo ainda terá elevado teor de umidade (próximo de 90%), obrigando que se processe sua secagem em leitos apropriados ou que seja desaguado em filtros a vácuo, prensas ou centrífugas, ou ainda que seja disposto sobre terreno adequado.

Prensa desaguadora de lodos
A escolha do sistema de secagem vai depender das necessidades e dos recursos disponíveis na época do projeto da ETE. Se a produção de lodos de sua ETE é baixa, um sistema de leitos de secagem pode ser suficiente para todas as etapas de tratamento. Geralmente, os filtros a vácuo e as prensas são eficientes para desaguar maiores produções de lodos primários. Já as centrífugas dão bons resultados para todos os tipos de lodo, inclusive para deságue de lodo biológico com auxílio de polímeros. Em qualquer que seja o sistema aplicado, sempre será necessária uma gestão responsável, que utilize de boas práticas operacionais, que respeite a legislação e se comprometa com as metas ambientais traçadas pela empresa.

Assim, vamos encerrando o texto de hoje, onde em rápidas pinceladas foi descrito o nível de tratamento primário de efluentes. Esperamos que este conteúdo possa de alguma forma, ser útil ao leitor que nos prestigia. A propósito, caso deseje, você poderá interagir conosco através da caixa de comentários que segue logo abaixo ou até mesmo ligar ou mandar e-mail com suas dúvidas ou sugestões. Nosso blog disponibiliza os dados para contato na página “FALE CONOSCO”.



Autor: José Leonardo da Silva Cardoso
Diretor Técnico da Biotrakti


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