Conforme planejado, estamos dando
sequência à produção de conteúdo deste blog. O texto se desenvolve como de costume - descreve
o processo utilizando a experiência adquirida pelo autor em chão de fábrica, entremeada
com passagens encontradas na literatura especializada. Assim então, segue esta
postagem com algumas importantes considerações sobre o tratamento primário de
efluentes.
leitos de secagem de lodos |
É nesse nível de tratamento que ocorre
a retirada dos sólidos sedimentáveis suspensos e dos sólidos flutuantes
remanescentes. Também é nessa fase que se faz o adensamento, a digestão e a secagem
do lodo primário em unidades específicas.
A remoção dos sólidos
sedimentáveis suspensos é feita nos decantadores primários, onde ocorrem os fenômenos
físicos de decantação. Paralelamente, os sólidos flutuantes remanescentes do
pré-tratamento são retirados na forma de escuma pelos raspadores de superfície
desses mesmos decantadores. O controle operacional deve garantir o bom
funcionamento desses raspadores para evitar problemas em outras fases do
processo. Deve ser de conhecimento do pessoal da estação de tratamento, que a
entrada de escuma contendo resíduos de óleos, corantes ou tintas no tratamento
secundário pode favorecer a formação de espuma escura na superfície dos tanques
de aeração ou baixar o residual de oxigênio dissolvido no líquido misto,
causando assim aumento no consumo de energia e redução da eficiência global do
processo.
De acordo com o funcionamento, os decantadores se classificam como tanques sépticos, tanques Imhoff ou decantadores comuns. O primeiro promove o estado séptico devido ao longo tempo de detenção do lodo, gerando substâncias sólidas parcialmente mineralizadas, líquidos e gases. O segundo, que é composto por dois compartimentos, processa a sedimentação na câmara superior e digere a matéria orgânica na câmara inferior com período normal de detenção. Já os decantadores comuns são simplesmente tanques de sedimentação onde o lodo produzido é normalmente removido de forma simples e periódica por meio de bombas. Se você desejar saber mais detalhes, poderá consultar “Tratamento de Águas Residuárias” de José M. Azevedo Netto e Max L. Hess, onde irá encontrar as outras classificações possíveis para os decantadores, de acordo com a forma, com o tipo de fundo e sistema de remoção de lodo.
A eficiência de remoção de
sólidos nesses decantadores vai depender das características dos próprios
sólidos - como tamanho, densidade e forma; vai depender também da viscosidade e
da temperatura do líquido, da taxa de escoamento superficial e do tempo de
retenção dos decantadores. Patrício G. Crespo informa em seu “Manual de Projeto
de Estações de Tratamento de Esgotos” que, normalmente a decantação total dos
sólidos sedimentáveis em unidades convencionais de tratamento primário
corresponde a aproximadamente 60% dos sólidos em suspensão e a 30% do total da
DBO do efluente. Portanto, já dá pra perceber que se o sistema for operado com
maestria e houver uma boa prática de manutenção preventiva dos equipamentos, o
tratamento subsequente irá receber um afluente mais fácil de tratar e que trará
economia no consumo de insumos, como energia, nutrientes, polímeros e
antiespumante.
Depois de decantado e adensado, o
lodo precisa ser digerido para reduzir seu volume. Então as substâncias
orgânicas nele contidas se decompõem formando gases como o metano e o dióxido
de carbono. Depois de digerido, esse lodo ainda terá elevado teor de umidade
(próximo de 90%), obrigando que se processe sua secagem em leitos apropriados
ou que seja desaguado em filtros a vácuo, prensas ou centrífugas, ou ainda que
seja disposto sobre terreno adequado.
Prensa desaguadora de lodos |
Assim, vamos encerrando o texto
de hoje, onde em rápidas pinceladas foi descrito o nível de tratamento primário
de efluentes. Esperamos que este conteúdo possa de alguma forma, ser útil ao leitor
que nos prestigia. A propósito, caso deseje, você poderá interagir conosco
através da caixa de comentários que segue logo abaixo ou até mesmo ligar ou
mandar e-mail com suas dúvidas ou sugestões. Nosso blog disponibiliza os dados
para contato na página “FALE CONOSCO”.
Autor: José Leonardo da Silva Cardoso
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