Suas principais características morfológicas e causas.
O assunto não terá aqui, uma
abordagem acadêmica. O que se pretende é apenas apresentar de forma sucinta,
como os gestores e operadores de uma estação de tratamento biológico de
efluentes podem, através de metodologia simplificada, realizar a microscopia do
lodo ativado de forma satisfatória para verificação e controle das condições
operacionais e melhoria da eficiência do sistema.
A avaliação se inicia pela
investigação qualitativa da estrutura dos flocos para se conhecer tamanho,
formato e compactação dos mesmos. Isso é feito pela observação de imagem
aumentada de uma gota da suspensão do lodo ativado coletado na saída do
aerador. Essa gota da amostra é disposta entre duas lâminas e inserida em
microscópio biológico alinhado para aumento de 100X, utilizando iluminação de
fase de contraste.
As características estruturais
dos flocos dependem do funcionamento do sistema de aeração, de mistura das
massas, da composição e carga do afluente e da atividade biológica do lodo. Por
isso, conhecendo-as, o operador já terá os primeiros dados para sua avaliação.
Quanto ao tamanho, os flocos se
classificam em grandes, médios e pequenos, como exemplificados no esquema
ao lado:
Quanto ao formato, observa-se se eles são
redondos ou irregulares. Esses dados são importantes para se conhecer a
decantabilidade dos flocos.
A esquerda, floco intumescido pelo crescimento excessivo de filamentosas e flocos carentes de filamentosas, começando a se dispersar na forma de minúsculos flocos. As causas podem ser desde problemas com carga e nutrientes até idade de lodo e aeração irregular.
No Brasil, o intumescimento
do lodo frequentemente está relacionado com a Nocardia em reatores com baixo
F/M ou em situação anóxica, com a Sphaerotilus Natans onde há baixo OD ou com
as sulfobactérias quando há septicidade e deficiência nutricional. Estas
observações foram feitas por Heike Hoffmann et
al, em trabalho técnico apresentado no 21º Congresso Brasileiro de Engenharia
Sanitária e Ambiental.
Existem métodos complementares, como a coloração de
Gram e coloração de Neisser, utilizados na microscopia comum e ainda a microscopia
de contraste de fases com aumento de 1000X para auxiliar na identificação do
tipo filamentoso. Porém, por questões de ordem prática, os analistas e gestores
frequentemente conseguem identificar o tipo de bactéria, observando diretamente
sua morfologia, localização no floco, mobilidade e comparando esses dados com a
chave dicotômica (David Jenkins et al, 1993) e
com outros documentos com tabelas e registros micrográficos, como em Van
Haandel e Marais (1999), Grady et al (1999) e outros.
Nesse ponto do trabalho, ainda utilizando-se de lentes
de diferentes aumentos – 100X, 200X, 400X, procura-se por bactérias como as
Zoogleas, Cianobactérias e Espiroquetas
ou outros aspectos de igual importância, como a ocorrência de células livres em
suspensão e de partículas inorgânicas ou orgânicas. Estas últimas, em excesso por exemplo, podem sinalizar problemas na clarificação primária aumentando a
presença de fibras no líquido misto.
Em seu procedimento simplificado,
a avaliação microscópica ainda está pela metade, mas já dá para perceber
quantas informações valiosas foram adquiridas para a caracterização do material
biológico. Essas informações irão auxiliar na tomada de ação para o adequado controle
das condições operacionais e melhoria da eficiência do sistema.
Na próxima oportunidade, daremos
continuidade apresentando os principais micro-organismos existentes no lodo
ativado e sua função como instrumento de diagnóstico de processo.
Autor: José Leonardo S. Cardoso.
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