Hoje iremos
nos ocupar com as características básicas do lodo ativado do tratamento
biológico de efluentes, seja industrial
ou esgoto doméstico. Veremos também como essas características estão
relacionadas com os indicadores de processo.
Peraí, mas o
que é lodo ativado? - Pergunta alguém
que acaba de chegar.
O lodo
ativado é o lodo adensado no fundo do decantador secundário. Ele
normalmente é constituído por bactérias ativas capazes de assimilar mais matéria
orgânica. Por isso, uma estação de tratamento biológico de efluentes
por lodo ativado tem a recirculação de lodo, que devolve para o reator (tanque
de aeração) parte da biomassa concentrada e ativa que poderá consumir cargas
maiores de DBO. Esse é o princípio básico do sistema de lodo ativado. Para
saber mais click em lodo
ativado.
esquema do lodo ativado |
O floco do
lodo ativado é constituído por uma matriz de polissacarídeos, bactérias
filamentosas que representam sua estrutura rígida, bactérias formadoras de
floco e partículas coloidais aderidas, como mostra a figura abaixo:
constituintes do floco biológico |
Esses
elementos que formam o floco são responsáveis pelas características de toda a
biomassa que se encontra no reator, cuja unidade é expressa em termos de sólidos suspensos (SS). Como existe uma
fração inorgânica de sólidos que não participa da depuração biológica, a biomassa orgânica passa a ser frequentemente expressa como sólidos suspensos voláteis (SSV).
Sabemos que
nem toda a fração orgânica da biomassa é ativa, mas por questões práticas no
controle operacional, todos adotam os sólidos suspensos voláteis para
representar a porção responsável pela depuração do substrato.
A estrutura
dos flocos formados no reator também é responsável pelas características de
sedimentabilidade e adensabilidade do lodo no decantador secundário, que tem a
função de separar os sólidos produzindo um efluente clarificado e permitir o
retorno de lodo ativado em concentração mais elevada.
Nos
decantadores secundários, o lodo geralmente tem sedimentação zonal, na forma de
manta, com uma nítida interface de separação entre as fases sólida e líquida.
Isso pode ser observado durante o ensaio de sólidos sedimentáveis no cone Imhoff.
Outra
característica importante do lodo ativado é que uma mesma massa pode ocupar
diferentes volumes no decantador. Por exemplo, um sistema operando com 3 g/L de
SS, hoje pode apresentar 300 ml/L de sólidos sedimentáveis (SD) e amanhã, 450
ml/L. No primeiro caso, seu lodo parece saudável, com ótimo índice volumétrico
(IVL), boa compactação e provavelmente o decantador esteja produzindo um
efluente clarificado. No segundo caso, essa mesma massa de lodo apresenta um
IVL muito alterado em relação ao valor anterior e provavelmente seu decantador
terá problemas com arraste de sólidos na saída.
Isso ocorre
porque a estabilidade do lodo biológico está sujeita a variações diversas como
pH, carga de retorno de lodo, toxidade do afluente, nutrientes e aumento de
carboidratos de fácil degradação.
Pelos motivos
apresentados, é fácil concluir que o sistema operacional necessita de
indicadores adicionais para ajustar variáveis importantes como recirculação e
retirada de lodo excedente. Isso se faz
através dos controles de: sólidos suspensos no reator (SSTA), de carga de lodo
(relação A/M) e da idade de lodo, que deverão ser constantes.
Vou parando
por ai. Procurei ser sucinto sem perder o fio do que havia proposto a
apresentar. Apesar de o assunto demandar maior profundidade, acredito que o
alinhavo utilizado na produção desse texto tem sido suficiente para esclarecer
o mecanismo. Quem poderá confirmar isso será você que me lê e será um prazer
conhecer sua opinião. Escreva, comente, pergunte.
Na próxima
oportunidade, continuarei explorando o assunto.
Autor: José Leonardo da Silva Cardoso
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