Fatores como legislação, pressão
social, exigência dos consumidores, preservação dos recursos naturais, etc., fizeram
com que as questões ambientais tomassem seu lugar na estrutura organizacional
das empresas em todo o mundo, a partir dos anos 1990.
Essa maior atenção para as questões
ambientais trouxe também novos conceitos e ferramentas que adentraram o Século XXI
buscando a sustentabilidade.
Entre estes, temos a Produção Mais Limpa e a Ecoeficiência.
Mas o que é Produção Mais
Limpa? O que é Ecoeficiência?
O conceito de Produção Mais
Limpa surgiu na década de 1970 em algumas grandes empresas
norte-americanas. O objetivo primordial era evitar desperdícios e minimizar as
emissões ao longo dos processos. Em seguida a prática foi se disseminando entre
as pequenas e médias empresas até alcançar outros continentes.
Além de seu caráter ambiental, a
Produção Mais Limpa apoia os programas direcionados a produtividade, buscando integrar
preservação ambiental com inovações de processos, produtos e serviços para
melhorar a eficiência e reduzir riscos para a sociedade e o meio ambiente.
O termo Ecoeficiência
foi introduzido em 1992 pelo World Business Council for Sustainable Development
e utilizado pela Conferência Rio-92 como uma forma das organizações
implementarem a Agenda 21 no setor privado. A princípio a ecoeficiência
pretendia reduzir os impactos ambientais e aumentar o lucro empresarial. Depois
dos conceitos de globalização e sustentabilidade, a ecoeficiência se tornou
mais abrangente, envolvendo economia e questões ambientais que beneficiam tanto
as empresas como a sociedade, garantindo uma base sustentável para a
continuidade dos negócios. Veja mais em Anais
do VIII Simpósio de Engenharia de Produção de Sergipe (2016).
Assim, a Ecoeficiência se constitui de elementos como a
redução de consumo de materiais e de energia com bens e serviços, redução da
poluição, maior reciclagem de materiais, intensificação do uso sustentável dos
recursos renováveis, aumento da durabilidade dos produtos e maior valor agregado
aos bens e serviços.
Observemos que os dois conceitos - Produção Mais Limpa e
Ecoeficiência – se complementam. O primeiro apresenta dimensão operacional
enquanto o outro é estratégico para criação de valor. Mas para resumir, podemos
dizer que ambos estão focados na minimização dos desperdícios dos recursos
naturais, dos retrabalhos nos processos produtivos e da geração de resíduos.
Na opinião de um dos maiores especialistas e estudiosos
do setor de produção de celulose e papel, o Professor Celso Foelkel, tanto
Produção Mais Limpa quanto Ecoeficiência têm o mesmo significado. Os nomes são
diferentes apenas porque foram criados por entidades distintas.
Em sua publicação “Ecoeficiência
e Produção Mais Limpa para a Indústria de Celulose e Papel de Eucalipto”, o
Professor Celso descreve a aplicação desses conceitos, valorizando a inovação,
a colaboração e a pesquisa tecnológica.
Ele diz que podemos sempre desenvolver processos mais limpos e mais seguros, gerando
menos resíduos.
O primeiro passo para que isso
aconteça, é implementar um amplo programa de limpeza interna, avaliando e
quantificando os resíduos e efluentes gerados pelo processo de produção. Em
alguns casos, a Produção Mais Limpa poderá exigir alterações tecnológicas para
substituir processos obsoletos. Essa mudança trará um procedimento industrial
de manufatura que permita economizar matéria prima e energia, aumentar a
produtividade, originar um produto melhor, com menor geração de resíduos e
menor impacto ambiental.
Também pode acontecer que por
questões de viabilidade econômica, a alternativa escolhida seja um “tratamento
de fim-de-tubo”, onde o controle da poluição se fará com filtros,
precipitadores eletrostáticos, decantadores, floculadores, centrífugas, etc.
São muitas as oportunidades de
melhorias. É bom frisar que, a Produção Mais Limpa e a Ecoeficiência são
importantes ferramentas gerenciais para redução da poluição e melhoria da
eficiência operacional. Em um ambiente empresarial sustentável, sua utilização
antecede o tratamento do resíduo gerado, e obedece aos períodos de implantação
que são: estudo, experimentação, implantação e reorientação.
Há outros ganhos a serem
considerados. Essas ferramentas auxiliam também na melhoria da competitividade
da empresa, através do aumento da motivação de seus colaboradores que acabam
absorvendo conceitos, técnicas e princípios do ambientalmente correto. O resultado
será uma maior lucratividade e fortalecimento do negócio.
Consideremos também o atual cenário
econômico do país e a limitação dos recursos naturais. Por possibilitarem se
fazer “mais com menos”, logo se tornaram um valoroso recurso estratégico e vêm
conquistando vários segmentos que a implantam ao seu negócio devido sua
importância econômica, social e ambiental.
Existem muitos outros conceitos e
muitas outras ferramentas que nos conectam com a sustentabilidade. Apresentamos
esses/essas, devido a imediata importância que assumiram no universo empresarial.
Isso se deve a maneira que direcionam os investimentos e o desenvolvimento de tecnologias
mais limpas para gerar valor aos acionistas.
Autor:
José
Leonardo da Silva Cardoso
Gestor
Ambiental e Diretor Técnico da Biotrakti
Nenhum comentário:
Postar um comentário