quinta-feira, 30 de março de 2017

As Expectativas para o Saneamento Brasileiro nos Próximos Anos.

Nossa Lei do Saneamento Básico (Lei nº 11.445/2007) completou 10 anos em janeiro último. Ela já nasceu atrasada mas veio para melhorar a gestão, o planejamento ambiental e o acesso ao crédito. Em consequência disso, em 2013 o governo criou o Plano Nacional de Saneamento Básico – PLANSAB – que estipula investimentos anuais de R$ 19 bilhões até 2033 para que seja alcançada a universalização dos serviços de abastecimento de água potável e gestão dos resíduos sólidos integrados ao esgotamento sanitário e drenagem das águas pluviais urbanas. Ocorre que o ritmo atual proporcionado pelos investimentos anuais na ordem de R$ 13 bilhões está empurrando a meta do PLANSAB para 2050, conforme informa Gesner Oliveira, sócio da GO Associados.

principais metas do Plansab

Vejam que ainda temos mais de 34 milhões de brasileiros sem acesso à água tratada. “Com relação aos esgotos, somente em 2015 conseguimos vencer a barreira de ter mais da metade da população com coleta de esgotos (50,3%), mas apenas 42% dos esgotos do país são tratados”, assim informa o Instituto Trata Brasil. Ainda há de se considerar os problemas com lixões a céu aberto e um sistema de reciclagem ineficiente, entre outros.... Sim, foram dados alguns passos à frente, mas é bom que se diga que foram tímidos os avanços e que, em algumas das vezes, o fora até mesmo por força das circunstâncias, como a exemplo da recente crise hídrica no Sudeste que nos obrigou a iniciar o desenvolvimento de uma cultura de consumo racional da água.

Mesmo com essas mazelas, temos motivos para apostar que tudo possa melhor.

Por um lado, o poder executivo se renovou na maioria das cidades brasileiras e os atuais prefeitos sabem que o saneamento básico – ao menos no que se refere a água tratada - é um dos pontos-chave para a melhoria da qualidade de vida da população e para o sucesso de sua gestão, além de atrair significativos investimentos para a cidade.

É enorme o universo das questões de saneamento a serem resolvidas e, em virtude de os municípios e Estados se encontrarem em dificuldades financeiras, a União vem planejando privatizar o setor de água e esgoto em contrapartida as renegociações fiscais. Pretende fazer isso com transparência e segurança para assegurar o equilíbrio dos interesses do capital privado e dos usuários e também garantir a necessária aceleração na solução de um de nossos maiores problemas ambientais. Para facilitar o mecanismo de privatização das estatais estaduais, o governo federal pretende ainda retirar o assunto da pasta das Cidades e criar o Ministério do Saneamento, onde poderá desenvolver um modelo com maior regulamentação, regras tarifárias e uma agência reguladora para fiscalizar o setor, informa a fonte consultada.

Deixando de lado as questões de ordem política, outro fator importante a ser considerado é que “o conceito de cidades sustentáveis tem trazido novas visões na abordagem dos problemas de esgotamento sanitário urbano” como bem observa o Diretor Geral de Projetos para a América Latina da Veolia Water Technologies, Yves Besse em seu artigo “Gargalos e Caminhos Para a Gestão dos Esgotos no Brasil”, publicado em 20/03/2007 no site Tratamentodeaágua.com.br. No artigo, Yves enfatiza que as crescentes demandas ambientais tem favorecido o surgimento de novos conceitos e tecnologias, como o reúso do esgoto tratado em diferentes tipos de aplicação, a transformação do lodo gerado pelas estações de tratamento de esgotos em energia ou adubos agrícolas, a integração das estações de tratamento de esgoto à paisagem urbana, pela inclusão de áreas verdes, parques e até mesmo piscinões verdes para contenção de águas pluviais e prevenção de inundação, entre outros itens.

São tão boas as premissas para o saneamento, que as duas maiores organizações do setor – a ABES e a AESabesp - se uniram para realizar o maior encontro de Saneamento Ambiental das Américas, o Congresso ABES / FENASAN 2017, que acontecerá de 2 a 6 de outubro em São Paulo. Esse evento será também uma preparação para o Fórum Mundial da Água, que se realizará em Brasília em 2018 e terá como tema central, a retomada do crescimento. “Estaremos reunidos para debater assuntos variados do setor como água, esgoto, drenagem, resíduos sólidos, meio ambiente e toda sua parte institucional” afirmou o atual presidente da ABES, Roberval Tavares de Souza, em entrevista à 60ª edição da Revista Saneas.

Com a retomada do crescimento econômico, o setor de saneamento deve seguir junto. Em função destes fatores aqui listados – o provável realinhamento político-ambiental, o surgimento de tecnologias mais eficientes e os eventos que divulgam, unem e fortalecem o setor - há de se afirmar que bons ventos estão soprando a favor e que o país deve se preparar para uma grande temporada de progresso e realização de seus projetos de saneamento.

Autor: José Leonardo Cardoso
Gestor Ambiental, Químico e RT da Biotrakti.

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