sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Gestão de Resíduos Sólidos em Londres.

Em viagem ao Reino Unido no mês passado, aproveitamos para observar rapidamente como é gerida a questão dos resíduos por lá. Em Londres visitamos um dos Sistemas Integrados de Gestão de Resíduos da Property Support Services, empresa que atende importantes clientes do setor público e privado e então, nesse exemplo pontual, pudemos entender o porquê do sucesso dos ingleses nesse quesito.


Diferente da cidade de São Paulo, que tem uma gestão de resíduos urbanos centralizada na Prefeitura e concessão dos serviços para empreiteiros privados, Londres utiliza-se de uma administração descentralizada que delega responsabilidades para os conselhos locais e os vários setores privados. Além do mais, a conscientização da sociedade local também contribuiu muito para que as autoridades investissem mais no setor, elevando a coleta seletiva na Inglaterra de 12 para mais de 40% na década passada, segundo dados do Ministério do Meio Ambiente da Inglaterra (DEFRA). A meta de reciclagem é de 60% para 2031, com “lixo zero” para aterros até 2025 (GLA, 2010: p.10).



É nesse universo que encontramos a Property Support Services atuando na área central de Londres, onde atende a mais de 90 empresas, tais como escritórios, restaurantes, lojas e depósitos entre outros. A arquitetura sustentável do prédio foi planejada para facilitar o acesso das empresas ali existentes para uma baia central, onde recebem seus materiais e também deixam seus resíduos. O supervisor da PSS, Sr. Luís Monteiro nos atendeu nessa baia, onde se realiza a coleta, seleção, acondicionamento e destinação de todos os resíduos gerados pelas empresas clientes localizadas naquele bloco. Dalí sai mensalmente mais de 20 toneladas de papelão, o carro chefe da coleta seletiva. A principal meta do sistema é aumentar a quantidade de recicláveis enquanto diminui a de resíduos enviados a incineração, estimulando desse modo a revalorização dos materiais.

A Property Support Services, em seu sistema de gestão integrada, atende seus clientes fornecendo treinamento a todos os funcionários para promover a correta manipulação, redução e identificação dos resíduos na fonte. Também para estimular a consciência da importância ambiental da coleta seletiva e promover a melhoria contínua do sistema de gestão, a PSS contempla os colaboradores mais envolvidos com os resultados com prêmios como o Recycling Initiation Award, o Recycling Improvement Award e o Special Merit Award.


Durante nossa visita ao local, pudemos observar que os funcionários das empresas geradoras trazem seus resíduos devidamente acondicionados, identificados e lacrados com fita hellermann de cor correspondente a sua empresa para que possam ser identificados, registrados em planilha e contabilizados no balanço mensal. Os papelões são devidamente prensados para serem vendidos. O material plástico e papel são acondicionados em um container de reciclados e os resíduos não recicláveis são dispensados em outro que será levado pela empresa responsável pela incineração. É bom dizer que o processo de incineração aliviou os dois aterros londrinos que não suportariam mais de uma década operando, além de produzir energia verde para uma boa parcela da população.

Observe que, assim como em toda a comunidade europeia, a política ambiental da Inglaterra também está alicerçada no conceito de hierarquia da gestão de resíduos, que prioriza sua prevenção e redução e as estratégias de revalorização antes do tratamento final. É nesse formato que a PSS opera almejando alcançar o Prêmio Nacional de Reciclagem.  A propósito, ainda nesse mês, ela está apresentando em parceria um projeto que lhe dá grandes chances de ser indicada.

Foi uma ótima experiência ver de perto um sistema de gestão de resíduos urbanos funcionando em um modo verdadeiramente integrado, onde todos os envolvidos participam com seriedade da coleta seletiva e da melhor destinação dos materiais. Acreditamos que seja esse tipo de atitude que nos falte, pois aqui estamos fechando o ano a passos lentos, olhando com desânimo para nossas metas ambientais que se distanciam do possível. Ocorre que de um lado, os formadores de opinião não conseguem acordar nossos cidadãos para a urgência das questões ambientais, enquanto que de outro, nossos governantes estiveram até o momento, empurrando essa problemática toda com a barriga. Esperamos que a partir de 2017, com a nova formatação do tabuleiro político brasileiro, nosso país possa também começar a caminhar com passos firmes e alavancar na execução dos principais projetos ambientais de que muito necessitamos.

Autor: José Leonardo da Silva Cardoso
Gestor Ambiental e Químico

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