(trecho
entre as cidades de Jacareí e Taubaté)
O Rio Paraíba do Sul, que por mais de
duas décadas sofre com o intenso processo de urbanização e industrialização em
seu entorno, alcançando o 9° lugar no ranking dos rios brasileiros mais
poluídos, começou a respirar um pouco melhor nos últimos anos. No trecho
paulista do rio, o esgoto doméstico vinha sendo o fator de maior impacto
ambiental, sendo as cidades de Jacareí e São José dos Campos responsáveis por
60% dessa poluição.
É dramática a história do rio,
principalmente no trecho que abarca das cidades de Jacareí a Taubaté, onde ele
tem morfologia muito distinta. Por ser baixo e sinuoso, suas águas
perdem velocidade dificultando a depuração dos poluentes. A esse fato natural,
soma-se meio século de exploração mineral de areia, argila e turfa que
destruíram sua mata ciliar.
Lagoa a margem direita da Estrada Lagoa Azul entre os limites de Jacareí-S.J.dos Campos. |
Coincidentemente, esta é a região
mais industrializada de todo o percurso do rio, e de grande densidade
demográfica com aproximadamente 1.300.000 habitantes, conforme estimativa de
2012. Se por um lado as indústrias tratam seus despejos líquidos, de outro, as
cidades vinham descartando grande parte de seu esgoto doméstico sem nenhum
tratamento, o que fazia piorar o nível de oxigenação em vários pontos. A
situação só começava a melhorar a partir de Lorena, quando o rio deixa de
serpentear e ganha velocidade e oxigenação nas pequenas corredeiras que surgem pelo
caminho.
Toda essa problemática fez com
que as empresas de saneamento básico da região começassem a investir na
ampliação dos sistemas de tratamento de esgoto. Mesmo esbarrando na escassez dos
recursos federais e no baixo preço cobrado pela água retirada do rio que
financia projetos do CEIVAP, a SABESP e o SAAE têm feito o possível para
melhorar os serviços.
Em Jacareí, que foi a primeira
cidade brasileira a construir estação de tratamento de efluentes com recursos
obtidos pela cobrança do uso da água do rio, o índice de tratamento de efluente
doméstico primeiramente foi elevado de 2 para 20%. Mais recentemente, com a
conclusão do Projeto Turi Limpo, a cidade alcançou a faixa de 50% e até o final
do ano pretende terminar a obra do Saneamento Integrado na região da Rodovia
Nilo Máximo para ultrapassar a marca dos 70% de esgoto tratado. Para mais
informações veja o site
do SAAE.
São José dos Campos, com quase
700.000 habitantes, continua entre as cidades com melhor índice de saneamento
básico do país, ocupando a 17ª posição no ranking deste ano, conforme informa o
Instituto
Trata Brasil. Segundo dados mais atualizados da SABESP, a cidade passou a
tratar mais de 99% de seu esgoto doméstico coletado, depois da inauguração da
ETE do bairro Galo Branco. A cidade de Caçapava trata 98%.
Taubaté também evolui
continuamente na questão do saneamento básico e hoje ocupa o 10.o lugar
no ranking nacional. A cidade trata 100% de seu esgoto coletado, juntamente com
Tremembé.
Mesmo sem comentar outros itens importantes
do saneamento, como abastecimento de água potável, diminuição de perdas na distribuição
e manejo de resíduos sólidos, percebe-se que houve melhorias significativas na
região e que estamos caminhando em direção da universalização do saneamento
básico, apesar das dificuldades. No caso dos esgotos, é interessante lembrar
que a meta do Plansab (Plano Nacional de Saneamento Básico) é que o país trate
92% destes até 2033. É um grande desafio, pois é notória a falta de agilidade e
de interesse dos governantes em promover melhor qualidade de vida à nação.
Trecho do rio a margem esquerda da Estrada Lagoa Azul entre os limites de Jacareí-S.J.dos Campos. |
Mas deixemos as queixas para outra
ocasião. O que vale realmente registrar neste artigo é que os dados de
monitoramento do Rio Paraíba do Sul já apresentam melhoras no índice de
qualidade da água (IQA) com tendência a evoluir ano a ano. Isso porque há mais
projetos de melhorias e ampliações dos sistemas operacionais que estão em
andamento e outros novos projetos que certamente ainda virão. No momento temos
águas de qualidade regular, onde os peixes voltam a aparecer para dar ao rio,
esperança de dias melhores.
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