segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

Como a Política do Saneamento Básico Fechou o Ano

Terminamos o ano com mais uma tentativa do governo de mudar as regras do saneamento básico. A PL 4162/19 foi aprovada pela Câmara dos Deputados no último dia 17 e segue agora para o Senado Federal. Eventuais alterações em seu texto deverão ser analisadas pela Câmara antes do envio para sanção presidencial.

O Projeto de Lei facilita a privatização das estatais que atuam no setor, exige licitação para contratação dos serviços e prorroga o prazo para o fim dos lixões. Dessa forma, o governo pretende cumprir a meta de universalização dos serviços básicos de saneamento até 2033.



Anteriormente, duas outras tentativas (MPs 844/18 e 868/18) perderam a vigência antes de serem votadas pelo Congresso. Dessa vez, o Senado tinha enviado uma versão apresentada por Tasso Jereissati (PSDB-CE), mas os deputados preferiram aprovar um projeto de lei enviado pelo Executivo em agosto, com alterações propostas pelo relator Geninho Zuliani (DEM-SP).

O texto de Geninho atende as expectativas das empresas estaduais e dos governadores que estão interessados em alongar os contratos de programas - que dispensam a licitação – concedendo prazo para que os atuais e vencidos sejam renovados até março de 2022 por mais 30 anos. Apesar disso, as estaduais que não tiverem, terão que incluir metas contratuais até março de 2022 para não perderem os contratos pré-existentes.

O PL define também as metas de universalização do saneamento básico.  As empresas do setor devem garantir o fornecimento de água potável para 99% da população e coleta e tratamento de esgoto para 90% da população, até o fim de 2033.

Além das renovações de contrato, o texto dispõe sobre venda de estatais, sobre apoio financeiro e técnico da União para que os municípios implantem seus planos de saneamento e sobre a prorrogação do prazo para implementação de aterros sanitários nos municípios. Veja mais detalhes neste link. E como alternativa ao consórcio público entre municípios, o Projeto de Lei 4162/19 cria a prestação regionalizada para gestão de serviços contratados de saneamento.


Na avaliação do presidente de Câmara, Rodrigo Maia, o Marco do Saneamento não coíbe o setor público, mas dá espaço para o setor privado investir através das parcerias. Hoje, apenas 6% das cidades brasileiras contam com a participação das empresas privadas.



O governo estima que a universalização dos serviços de saneamento envolva investimentos entre R$ 600 e R$ 700 bilhões. Espera-se que o resultado disso seja melhorias na saúde, na qualidade de vida, no meio ambiente e geração de empregos. Porém alguns críticos sensatos observam que o cumprimento das metas deve exigir investimentos acelerados que possam provocar aumento das tarifas e necessidade de subsídios.

Não podemos saber ainda se a nova lei do saneamento vai dar conta do recado. Mas podemos afirmar que da maneira que está não pode ficar, pois as atuais condições sanitárias são precárias demais para o país que tem um enorme potencial para crescer de maneira ordenada. Estamos torcendo para que o setor alavanque em 2020.



Autor:
José Leonardo da Silva Cardoso
Gestor Ambiental e Diretor Técnico da Biotrakti

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