quarta-feira, 28 de junho de 2017

Crescimento Disperso dos Flocos, Pinpoint Floc e Suas Causas.

Este é o terceiro e último artigo da série que trata dos problemas de sedimentação e adensamento do lodo ativado relacionados a forma estrutural desenvolvida pelos flocos.  Nas duas postagens anteriores, exploramos o bulking viscoso e o bulking filamentoso para atender as demandas detectadas na região. Agora, para fechar, vamos comentar um pouco sobre outros problemas de separação do lodo ativado que são o crescimento disperso dos flocos e o pinpoint floc.

Apesar de ambas as situações serem recorrentes nas estações de tratamento de efluentes de lodo ativado, os operadores acabam ficando inseguros na tomada de decisão, simplesmente porque não sabem identificar corretamente os problemas, nem determinar as prováveis causas.

Como identificar esses problemas?



Adaptada de M. von Sperling, volume 4, Lodos Ativados.
Como mostra a tabela ao lado, um olhar mais atento possibilita distinguir facilmente o tipo de ocorrência. Na verdade, até é bom que se diga, que essas observações entre outras tantas, já devem fazer parte da sistemática de trabalho de quem controla e opera uma planta de tratamento de efluentes. As variações dos índices volumétricos, os valores de sedimentação, a avaliação micrográfica do lodo mesmo que rápida, e outros itens relacionados ao histórico de rotina devem ser considerados de imediato, antes de qualquer atuação no sistema de controle e ajuste operacional.

Quais são as prováveis causas?

Novamente, vamos pegar cada caso separadamente. Lembre-se que sempre é bom fazer uso da literatura especializada para aproveitar as dicas valiosas que trazem e que nos ajudam a ganhar tempo e produzir resultados mais eficientes. Assim, logo vamos confirmar que no crescimento disperso, os micro-organismos não conseguem formar flocos por várias causas: ora pela incapacidade das bactérias de se agregar em flocos, ora porque a turbulência hidráulica possa estar causando cisalhamento excessivo, ou então devido utilização de bombas centrífugas no bombeamento do lodo.

Para o lodo pulverizado ou pinpoint floc como também é denominado, podemos ter entre as principais causas, a estrutura do floco fragilizada pela quantidade insuficiente de organismos filamentosos devido à baixa relação F/M (isso ocorre no lodo muito velho) e a aeração excessiva que promove a quebra dos flocos. O desbalanceamento de nutrientes no efluente ou ainda uma DBO afluente elevada versus a baixa concentração de SSTA na entrada do reator também são possibilidades a serem consideradas.

Como controlar?

Uma vez definido corretamente o problema e encontrada a causa com precisão ou a mais provável que seja, através da avaliação de um conjunto de informações como dados de controle, detecção de falhas operacionais, parada ou desajuste de equipamentos e etc., resta então planejar qual a melhor ação a ser tomada para normalizar a situação.

Esse é um momento de muita responsabilidade, um momento que exige experiência e tato do profissional que toma a decisão. Então para resolver o crescimento disperso do lodo, por exemplo, talvez apenas a redução do descarte já resolva, ou então talvez seja necessário um conjunto de interações orquestradas e escalonadas ao longo de um determinado período para trazer respostas positivas, como o aumento do oxigênio dissolvido e o isolamento de cargas tóxicas, entre outros. Nunca devemos nos esquecer que sempre será necessário aguardar o tempo de resposta para cada interação, para cada ajuste efetuado no sistema. É muito necessário ter essa percepção pois o lodo ativado trata-se de coisa viva e precisa de tempo para absorver e reagir aos “medicamentos”.

Vejamos também o seguinte caso: o lodo está começando a ficar pulverizado e uma investigação atenta encontrou as causas da ocorrência. A microscopia mostrou que o lodo está começando a ficar velho demais...opa! É bom então iniciar ou aumentar o descarte controlado do excedente. E a aeração não está boa? Vamos ajusta-la também, talvez seja necessário diminuir a agitação causada pela aeração mecânica. Aproveita a oportunidade para melhorar a dosagem de nutrientes que talvez esteja abaixo dos padrões normais.  Se todos esses quesitos estiverem bem ajustados, os flocos voltarão a se desenvolver dentro das características desejadas para a boa operação da estação. É apenas questão de tempo.

Sabemos que existe uma infinidade de situações que isoladas ou não, afetam a rotina operacional de um sistema de tratamento de efluentes. Daí a necessidade de estar sempre atento, com o controle analítico e operacional em dia. Também é providencial acompanhar sempre os registros de eventos atípicos do processo fabril para poder agir preventivamente e minimizar os impactos negativos na ETE, antes que desande.

Entretanto, se você acha que sua estação está precisando de alguns ajustes e melhorias para facilitar a operação e produzir melhores resultados, mas não sabe por onde começar a tratar disso, então fale conosco e descubra como podemos ajuda-lo. Temos a solução na medida certa para a sua necessidade, seja ela correção operacional, monitoramento, treinamento de operadores, implantação de análises de controle ou melhoria contínua, entre outras; tanto para tratamento de efluentes, como para tratamento de águas em geral, gerenciamento de resíduos, etc. 


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