Este é o terceiro e último artigo
da série que trata dos problemas de sedimentação e adensamento do lodo ativado
relacionados a forma estrutural desenvolvida pelos flocos. Nas duas postagens anteriores, exploramos o
bulking viscoso e o bulking filamentoso para atender as demandas detectadas na
região. Agora, para fechar, vamos comentar um pouco sobre outros problemas de
separação do lodo ativado que são o crescimento disperso dos flocos e o pinpoint
floc.
Apesar de ambas as situações
serem recorrentes nas estações de tratamento de efluentes de lodo ativado, os
operadores acabam ficando inseguros na tomada de decisão, simplesmente porque não
sabem identificar corretamente os problemas, nem determinar as prováveis
causas.
Como identificar esses problemas?
Adaptada de M. von Sperling, volume 4, Lodos Ativados. |
Quais são as prováveis causas?
Novamente, vamos pegar cada caso
separadamente. Lembre-se que sempre é bom fazer uso da literatura especializada
para aproveitar as dicas valiosas que trazem e que nos ajudam a ganhar tempo e
produzir resultados mais eficientes. Assim, logo vamos confirmar que no
crescimento disperso, os micro-organismos não conseguem formar flocos por
várias causas: ora pela incapacidade das bactérias de se agregar em flocos, ora
porque a turbulência hidráulica possa estar causando cisalhamento excessivo, ou
então devido utilização de bombas centrífugas no bombeamento do lodo.
Para o lodo pulverizado ou
pinpoint floc como também é denominado, podemos ter entre as principais causas,
a estrutura do floco fragilizada pela quantidade insuficiente de organismos
filamentosos devido à baixa relação F/M (isso ocorre no lodo muito velho) e a aeração
excessiva que promove a quebra dos flocos. O desbalanceamento de nutrientes no
efluente ou ainda uma DBO afluente elevada versus a baixa concentração de SSTA
na entrada do reator também são possibilidades a serem consideradas.
Como controlar?
Uma vez definido corretamente o
problema e encontrada a causa com precisão ou a mais provável que seja, através
da avaliação de um conjunto de informações como dados de controle, detecção de
falhas operacionais, parada ou desajuste de equipamentos e etc., resta então
planejar qual a melhor ação a ser tomada para normalizar a situação.
Esse é um momento de muita
responsabilidade, um momento que exige experiência e tato do profissional que toma
a decisão. Então para resolver o crescimento disperso do lodo, por exemplo,
talvez apenas a redução do descarte já resolva, ou então talvez seja necessário
um conjunto de interações orquestradas e escalonadas ao longo de um determinado
período para trazer respostas positivas, como o aumento do oxigênio dissolvido
e o isolamento de cargas tóxicas, entre outros. Nunca devemos nos esquecer que
sempre será necessário aguardar o tempo de resposta para cada interação, para
cada ajuste efetuado no sistema. É muito necessário ter essa percepção pois o
lodo ativado trata-se de coisa viva e precisa de tempo para absorver e reagir aos
“medicamentos”.
Vejamos também o seguinte caso: o
lodo está começando a ficar pulverizado e uma investigação atenta encontrou as
causas da ocorrência. A microscopia mostrou que o lodo está começando a ficar
velho demais...opa! É bom então iniciar ou aumentar o descarte controlado do
excedente. E a aeração não está boa? Vamos ajusta-la também, talvez seja necessário
diminuir a agitação causada pela aeração mecânica. Aproveita a oportunidade
para melhorar a dosagem de nutrientes que talvez esteja abaixo dos padrões
normais. Se todos esses quesitos
estiverem bem ajustados, os flocos voltarão a se desenvolver dentro das
características desejadas para a boa operação da estação. É apenas questão de
tempo.
Sabemos que existe uma infinidade
de situações que isoladas ou não, afetam a rotina operacional de um sistema de
tratamento de efluentes. Daí a necessidade de estar sempre atento, com o
controle analítico e operacional em dia. Também é providencial acompanhar sempre
os registros de eventos atípicos do processo fabril para poder agir
preventivamente e minimizar os impactos negativos na ETE, antes que desande.
Entretanto, se você acha que sua
estação está precisando de alguns ajustes e melhorias para facilitar a operação
e produzir melhores resultados, mas não sabe por onde começar a tratar disso,
então fale conosco e descubra como podemos ajuda-lo. Temos a solução na medida
certa para a sua necessidade, seja ela correção operacional, monitoramento, treinamento
de operadores, implantação de análises de controle ou melhoria contínua, entre
outras; tanto para tratamento de efluentes, como para tratamento de águas em
geral, gerenciamento de resíduos, etc.
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